Ontem, o metrô estava drásticamente lotado e não passava um sequer vazio.
E eu reclamando horrores em pensamento, aquela multidão toda até que do meu lado eu vejo um rapaz, jovem até, deveria ter seus 35 a 40 anos numa cadeira de rodas, no meio de todo mundo. Até que chegou um vazio, ninguém sequer deu oportunidade pra ele entrar, muito pelo contrário, até empurraram a cadeira dele naquela cavalaria absurda que é entrar em um vagão as 18:00. E enquanto eu estava lendo meu livro, de vez em quando ficava observando-o, ele ali, simplesmente numa boa, conversando com algumas pessoas ao redor. E eu pensei, o que eu tenho pra reclamar?
Meu pé está machucado, está, pois eu o torci na rua. Mas o que será que aquele homem faria pra ao invés de estar ali, inválido naquela cadeira, pra ter simplesmente um pé torcido, ainda que meio dolorido.
Até que chegou outro vazio e uma alma compadecida ajudou-o a entrar. E eu olhando ali, um olhar tão triste e tão vago e vazio daquele homem. Saber que se algo tivesse dado errado na minha cirurgia eu poderia estar nas mesmas condições dele ou ainda pior, será que ele também não teve o que eu tive?
Veio um aperto tão forte no coração, comecei a questionar, pq eu fui livrada dessa condenação e não ele? O que eu tenho que ele não tem? A vontade que deu foi de ir lá e ter a ousadia que Cristo teve de simplesmente falar pra levantar e andar, mas e minha fé? Onde ficou? Em algum lugar e espero um dia ter respostas pra todas essas perguntas!! Mas eu sei que o meu Pai, é um Pai de um amor imenso!!! Te amo Senhor!
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